A linha do Tua começou a ser construída a partir de Mirandela, em Outubro de 1884. Três anos depois, em 1887, era inaugurado o troço, de 54 Km, entre Mirandela e a foz do Tua, ligando-se assim o interior transmontano à linha do Douro. Para montante de Mirandela o processo foi mais demorado, e só em Dezembro de 1906 o comboio chegou a Bragança. Mas o troço entre estas duas cidades já é só uma memória: foi suprimido em 1992. Não deixaram que durasse mais do que 86 anos: apenas o tempo de uma vida.
E é um hino à vontade do homem e à sua capacidade de construir mesmo nas circunstâncias mais adversas.

E é, em termos paisagísticos, absolutamente deslumbrante, única.
E encontra-se, pelo menos no seu trecho final, no Douro, que é património da humanidade, como a linha do Tua, só por si, merecia ser.

Mas agora, ao som das trombetas consonantes da finança, dos tecnocratas, dos gestores, dos políticos deslumbrados com a obra fácil e dos ecologistas convertidos ao “mundo real”, a enxurrada das hídricas e das eólicas anuncia o fim da paisagem natural em Portugal. Como escreveu Pacheco Pereira, “as mais altas autoridades, incluindo Primeiro-Ministro, Presidente da República e Ministro da Economia, anunciaram com alegria a intenção de acabar com os últimos vales dos rios de montanha em Portugal para aí produzir “energia limpa”. Todos tomam como absolutamente assente que esse curso de eventos é inexorável, já está “decidido”, e engenheiros, economistas e outras profissões da gestão do dinheiro e da técnica, políticos da “eficácia”, gente desenvolta do Portugal moderno, rodeados de gestores da EDP e de autarcas desenvolvimentistas, sonham com barragens, albufeiras, geradores, torres de fios de alta tensão.”


Quem quiser participar no "Movimento Cívico pela Linha do Tua" pode fazê-lo assinando a respectiva petição em http://www.petitiononline.com/tuaviva/petition.html
Fotos: autores desconhecidos